domingo, 4 de dezembro de 2011

Cala-se a voz da Democracia, Morreu Sócrates ...

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Morreu Sócrates. Um gênio dentro de campo. Um exemplo de Coragem e Caráter na vida. O homem que não se deixou corromper.

Blog do Cosme Rímoli - R7



Para entender Sócrates é simples. Fosse qual fosse a oferta, não trabalharia na CBF. Muito menos no Comitê Organizador Local... Não, ele não...

Nunca se rendeu aos poderosos que dominam o futebol brasileiro. Não se deixou seduzir. Fosse qual fosse a recompensa.

Falava abertamente contra a CBF, Ricardo Teixeira, João Havelange, Fifa.

Não aceitou homenagem de Andrés Sanchez no Corinthians.

Protestou o quanto pôde pelo Brasil estar de joelho para ter a Copa. Falou de peito aberto, sem medo. Isso foi muito pouco.

Pouco para quem teve a coragem de enfrentar os militares. Ter a coragem de protestar usando a camisa da seleção. Pedir democracia em um país comandado por militares ensandecidos.

Dobrou a ditadura no Corinthians. Transformou o time em um colegiado, com poder efetivo. Aboliu a concentração. A trocou por responsabilidade. Baniu jogador consagrado que considerava reacionário, como Leão. E o time foi várias vezes campeão.

A Democracia Corintiana foi exemplo para o Brasil da ditadura.

Gritou até perder a voz, exigindo eleições diretas para o país que amava.

Era tanta coragem para enfrentar o sistema que dava medo nos companheiros de time, na diretoria.

Com o corpo franzino, o Magrão foi um gênio.

"Fui jogador de futebol, não um atleta."

Usou o calcanhar para compensar a sua falta de agilidade para virar o corpo.

Foi o cérebro do genial time de 1982 na Espanha, o mais injustiçado da história das Copas.

Foi o capitão mais consciente da seleção brasileira.

Para quem queria ser médico e apenas se divertir com o futebol, acabou longe demais.

Seu talento o obrigou a romper as fronteiras de Ribeirão Preto.

Mas o que ficará marcado para a história será a sua visão, inteligência, a postura desafiadora.

Teve chance de ficar milionário. Era assediado por políticos que o viam como candidato ideal. Teve várias chances até de ganhar um posto simbólico na CBF, na FPF. Ou até no Corinthians moderno. Mas não se prestava a ser um bibelô. Deixar que usassem a sua imagem. Sócrates, não.

Preferia exercer a medicina. Mas não cuidou do seu maior patrimônio, a própria saúde.

Sempre fumou. Infelizmente o seu ponto fraco era pior: a bebida. E ela o consumiu. Debilitou seu organismo. O levou à precoce morte.

Justo hoje, dia 4 de dezembro de 2011. Dia da última rodada do Brasileiro. Sócrates se vai com a certeza de que ainda tinha muito que fazer.

Uma poderosa voz contra a Copa de Ricardo Teixeira se cala.

O homem notável que mudou a estrutura do futebol de um país de terceiro mundo morreu.

Mas seu exemplo ficará para sempre.

A intransigência contra os aproveitadores de ocasião... Os demagogos... A firmeza ao mostrar como é podre o comando do esporte do Brasil...

Não há que se lamentar pela ida de Sócrates. Mas agradecer por ele ter passado por aqui. Aberto tantos corações e mentes.

Obrigado, muito obrigado... Viva, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira!

Ninguém mais merecia ter o sobrenome Brasileiro do que você...


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