sábado, 28 de julho de 2012

A concepção da Lama ...

Por Roberto Soares Neves
e-cult mídia ativa


Na tarde ensolarada de uma sexta-feira do mês de julho, embarquei no meu primeiro ônibus pra Canguçu (que eu me lembre). Em algum ponto escondido na área rural do município, está sendo produzido o primeiro disco do cantor e compositor Juliano Guerra, que, depois de meses esperando verba para a gravação de um disco em estúdio, decidiu gravar em casa. No estúdio montado em uma sala de aproximadamente 2x3m que estava sobrando, Guerra tem passado as madrugadas cercado de instrumentos e parceiros musicais, sem contar a família. A influência familiar vem desde o começo do processo: quem cuida das questões burocráticas é a irmã de Guerra, Juliana Pereira. Os planos para o disco original acabaram se metamorfoseando na gravação de um DVD ao vivo no lançamento do disco, com data decretada por Juliana para 18 de agosto, no Cineteatro, em Canguçu. Antes rola o pré-lançamento, no dia 4, no Galpão Satolep, em Pelotas.


Juliano Guerra é um canguçuense de 28 anos cujas primeiras tentativas musicais foram na década passada, como guitarrista de rock. Em 2006, adentrou o mundo do samba no violão e já como compositor, com o Trio (depois Grupo) Noesis. Paralelamente, seguiu no rock com a banda Revelmobil, antes de largar a música por um tempo. O retorno foi no ano passado, no Festival Canguçu da Canção Popular (Fecanpop), onde se apresentou acompanhado do grupo Sapatinho e levou os prêmios de Melhor Letra e Canção Mais Popular por Inclemente. Definido livremente como MPB, o disco, a se chamar Lama, deve cruzar as duas linhas mestras de Guerra, com mais algumas outras.

Comigo no ônibus estavam Diego Portella e o ex-Noesis Eugênio Bassi, que, junto com Guerra, formam o núcleo de criação dos arranjos. Entre o portamalas do ônibus e a bagagem de mão, guitarra, viola, violão, baixo, ganzá, agogô, apitos e outros apetrechos. Na viagem, fui atualizado por Bassi do que já tinha ocorrido até então – no começo das gravações, só com Guerra e ele, definições e experimentos nas músicas já definidas, como Ócio e a premiada Inclemente. “A gente gravou um fósforo. Peguei três palitos de fósforo, pra dar mais som, risquei, e aí começa a música”.

Nem tudo deu certo. “A gente fez varias experimentações com essas sacolinhas, uma sacolinha de carteira de cigarro, que é mais dura, e uma mais tipo ganzá”, (imita o som do instrumento), “achando que ia ser uma grande coisa. Só que aí entrou o pandeiro, e o pandeiro faz o mesmo movimento, aí abafou tudo. Aí a gente tirou o pandeiro, que ficou uma porcaria.” Tempos variantes, vozes em coro e simulando instrumentos foram outros testes da dupla. “Tem muita música que não é samba, e as que são samba a gente tá tentando dissolver um pouco, pelo menos, pra não deixar tão ‘referencial’ ao arranjo do samba tradicional. Não sei qual é o propósito dele, mas o meu é esse”. Voltando a Inclemente, “no fim acho que a gente vai gravar tudo de novo, e a sacolinha a gente vai tirar e botar ganzá duma vez pra não ter problema”.

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Foto: Tadeo Pérez


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