terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Xingar Faz Bem à Saúde ...

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Palavrões também são importantes...

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua.

Como o latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.


"Pra Caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.

* A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!".

O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida.

* Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, "NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro shopping se encontrar com a turma numa boa. Você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o "Porra Nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional.

* Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD Porra Nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho Porra Nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
São dessa mesma gênese os clássicos "apone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "PrePoNe" - Presidente de Porra Nenhuma.

Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-Que-Pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...

* Diante de uma notícia irritante qualquer um "Puta-Que-o-Pariu!", dito assim, te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso "Vai Tomar no Cu!" e sua maravilhosa e reforçadora derivação "Vai Tomar no Olho do Seu Cu!"?

* Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de Vez!".

Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa.

* Algo assim, como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala?? "Fodeu de Vez!". Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "Foda-se!" que ela fala.

Existe algo mais libertário do que a... o conceito do "Foda-se!"?

* O "Foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta.

" Não quer sair comigo? Então foda-se!".

"Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então, Foda-se!".

O direito ao "Foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal:


Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Foda-se.



Explicadinho



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